Quando perguntam qual é a refeição que mais rende, a resposta é óbvia: com sopa feita em casa ninguém passa fome!
É o prato completo onde a grande variedade de legumes proporciona uma explosão de sabor, as vitaminas que ficam na água da cozedura fortificam a saúde, o consumo de hortaliças ajuda na ingestão de líquidos e é a melhor forma de começar qualquer refeição.
Rica em fibras, sais minerais e vitaminas, tem baixo teor calórico, ajuda a saciar e rapidamente se pode complementar com petiscos como salada de frango, ovos verdes, pataniscas debacalhau, pizza ou tábua de queijos.
Por isso cá em casa o jantar é sempre sopa!
Esta que descrevo aqui tem a base de cenoura aveludada, enriquecida com vagens de feijão e é das favoritas do Chef Bruno, uma delicia!
Parece que existem tantas receitas de bacalhau como dias do ano, quando o Sr. José Valentim criou a que viria a ser “A melhor receita ao melhor preço”, decerto que não estava à espera que fosse um sucesso tão grande ao ponto se tornar uma das receitas mais apreciadas da cozinha tradicional portuguesa. Até porque na sua composição entra a maionese que é pouco utilizada na cozinha portuguesa mas a verdade é que a coisa funcionou bem e foi assim que nasceu o Bacalhau à Zé do Pipo (nome pelo qual conheciam o Sr. Valentim no Porto).
Hoje em dia existem duas versões desta receita, com o
bacalhau frito em azeite (que depois serve para fazer a maionese) ou esta simples
que trago hoje.
(receita de bacalhau
à Zé do Pipo para 2 pessoas)
Ingredientes para
esta receita:
– 2 lombos de bacalhau, demolhados e sem espinhas; – 500ml de leite gordo; – 1 colher (café) de pimenta branca em grão; – 1 folha de louro; – 3 dentes de alho, cortados ao meio e sem o germe; – Sal; – Azeite; – 2 cebolas , cortadas em meias luas; – 1 receita de maionese caseira, – 4 batatas médias, descascadas e cortadas em quartos; – 1 colher (sopa) de manteiga; – Azeitonas pretas (opcional); – Salsa (opcional).
Cá em casa reaproveitar o que sobra é a filosofia do dia-a-dia, reinventa-se o que há antes de partir para outra receita, ou seja se sobrou arroz do almoço, faz-se pataniscas de arroz com legumes para o jantar, se sobra carne há empadão, lasanha ou massa à bolonhesa. Com o peixe a coisa é mais complicada pois é uma proteína delicada mas cozinha-se pastéis, pataniscas, rissóis ou salada russa. Quanto aos vegetais acabam quase sempre em frittatas que são simples, rápidas e excelentes para o jantar, ninguém gosta de ir dormir com a barriga cheia.
Gostamos tanto das receitas reinventadas que muitas vezes já
se faz a comida a contar com a próxima receita como é o caso do arroz, da massa
ou do Bacalhau!
Até mesmo quando sobra frango assado reinventa-se e faz-se o
belo do frango à Braz, o verdadeiro clássico dos aproveitamentos!
(receita de frango à Braz para 2 pessoas)
Ingredientes para
esta receita:
– 1/2 peito de frango (1 metade), previamente cozido e desfiado; – 2 batatas, fritas em palitos finos; – Azeite; – 1 cebola, cortada em meias luas; – 1 dente de alho, laminado; – 1 folha de louro; – 4 ovos, ligeiramente batidos; – Sal; – Pimenta; – 1 raminho de salsa, picada; – Azeitonas pretas (opcional).
Roupa velha ou farrapo velho é um refogado feito com o que sobra da ceia de Natal, bacalhau, batata, couve, cebola, alho e azeite dão origem a este prato de aspecto desarrumado que faz lembrar a roupa quando é velha e esfarrapada. Prato típico do norte de Portugal que normalmente se serve no dia seguinte ao almoço mas tornou-se tão habitual que hoje em dia já se coze bacalhau e couves só a pensar na roupa velha para o dia seguinte. Receita simples e que pode ser feita sempre que apetecer pois afinal de contas o Natal é quando se quer! …e quando apetece comer um pratinho de roupa velha.
Ingredientes para esta receita:
– Sobras da ceia de natal (bacalhau, couve, batata, etc);
– 1 cebola, cortada em rodelas grossas;
– 1 dente de alho, fatiado;
– Azeite;
– 1 ovo cozido, cortado;
– 1 fatia de broa esfarelada (opcional mas dá textura ao prato);
– Azeitona preta (opcional)
– Sal;
– Pimenta branca.
Roupa velha
Como fazer:
Coloca um fio generoso de azeite numa frigideira, frita a broa até ficar dourada e retira para um prato com papel absorvente.
“No conforto pobrezinho do meu lar,
Há fartura de carinho
A cortina da janela e o luar,
Mais o sol que bate nela
Basta pouco, poucochinho pra alegrar
Uma existência singela
É só amor, pão e vinho
E um caldo verde, verdinho
A fumegar na tijela…”
In “Uma casa portuguesa”
(Letra de Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira, música de Artur Fonseca e interpretação por Amália Rodrigues)
Esta sopa tradicional de Valença do Minho é consumida ferozmente por altura dos Santos Populares e com frequência em festas que se prolongam pela noite dentro. Como a passagem de ano, casamentos, churrascadas, aniversários ou até mesmo piqueniques, uma espécie de “cura” de fim de noite para os excessos.
Feito com ingredientes simples, tanto este caldinho como a canja de galinha fazem parte do receituário milagroso das avós e é uma verdadeira comida de conforto.
A fórmula simples do caldo mantem-se mas passa de sopa do pobre a caldo do nobre! E para isso faz-se acompanhar de rodelas de chouriço (cozido à parte), um fio de azeite e algumas fatias de broa.
Em 2011 foi considerada uma das 7 maravilhas gastronómicas de Portugal e até já tem um festival em Penafiel, realizado em sua honra.
Vamos fazer um caldo verde, verdinho?
(receita de caldo verde para 4 pessoas)
Ingredientes para esta receita:
– 10 batatas de tamanho médio;
– 1 cebola, cortada aos quartos;
– 1 dente de alho, sem a parte central;
– 250ml de caldo de galinha (opcional);
– Água q.b.;
– 400gr de caldo verde picado ou 8 folhas de couve-galega*;
– Azeite;
– Sal.
Para acompanhar (opcional):
– 1 chouriço, cozido e cortado em rodelas;
– Fatias de broa, finas.
Caldo verde
*Couve galega ou couve ratinha é uma espécie de couve típica do norte de Portugal (Valença) e Espanha (Galiza), as folhas são ligeiramente onduladas na ponta, de tom verde-escuro e sabor muito característico. Normalmente encontram-se à venda nos mercados tradicionais em molhos pequenos mas podes substituir por couve portuguesa.
(Desde que me lembro sempre existiu na horta da minha mãe)